quinta-feira, 4 de abril de 2013

Enquanto durarem os estoques.




Das tantas vezes que entendi mal as lições da vida, não percebi o óbvio e tirei as conclusões erradas, falando sobre posse e amor livre, me veio à mente esta.
Uma das coisas que sempre se fizeram claras para mim quando o assunto é (ausência de) ciúme e (crítica à) monogamia, é que cada pessoa é diferente, não fazendo sentido a disputa. Não há razão para competição quando sequer se tem critérios de onde partir. Não existe melhor ou pior quando não há base para comparação e, ainda, com tantos fatores relativos, inconstantes(,) como meu humor. Dá p'ra amar multiplamente, simultaneamente, sem conflito de sentimentos.
Entretanto, na minha babaquice imaturidade, já tirei uma conclusão equivocada e, pasmem, cultivei um outro tipo de ciúme - ruim como todos os outros. Afinal, se cada pessoa era diferente (e é), eu fazia questão de que cada história também fosse. Assim, em vez de enriquecer as novas relações com as experiências das demais, melhorando-as, cada novo amor tinha uma trilha sonora distinta, assustos diversos, piadas internas únicas, apelidos exclusivos, declarações inéditas.
Quando falhava no objetivo, deixando escapar um termo, indo a um lugar ou comentando um filme que já fosse "de outro", me sentia uma traidora. Ou, na situação inversa, me sentia traída. Não me sentia dona da pessoa, porém me sentia proprietária de tudo que envolvia a história com ela. Shame on me.
Eu não me importava que as outras relações tivessem mais, me incomodava que fossem iguais. Eu não queria ocupar sempre o pensamento, mas queria que certas coisas lembrassem somente a mim. Queria que todos os momentos fossem únicos sem perceber que todos os momentos são únicos, por mais semelhanças que tenham.
Tudo era sincero, não criava personagens, não fingia interesses, apenas escolhia para que lugar ia cada parte. Talvez desse certo se minha vontade de amar não fosse tanta. Não era o caso. Meu estoque de conteúdo não acompanhou.
Embora haja muita coisa em mim além do que sei, e embora eu possa ser mais do que eu, sou limitada e limitava as relações, pois se mostrasse tudo a um, nada teria para outro(s).
Querendo ser tudo (e mais) com todos, cansada de me podar, percebi que não dá p'ra fugir, todas as histórias terão elementos em comum, afinal, possuem um mesmo elemento essencial. Mas percebi, também, que cada história continuará sendo singular, pois a combinação dos elementos é única - e enriquecedora para o estoque e para todos os demais relacionamentos.

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