segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Either she's an evil, emotionless, miserable human being, or... she's a robot."

"And I can't give you that. Nobody can."



Há um tempo assisti "500 dias com ela" porque disseram que lembraram de mim ao ver a Summer.
Me identifiquei mais com a história vivida do que com a personalidade dela, ainda que tenha vários pontos em comum. A cada minuto do filme, relembrava muitas das minhas relações. E sofri. Doeu. Doeu ver o Tom chorar. Doeu porque me fez relembrar que causei sofrimento a alguns "Tom". Porque o Tom é um "bom rapaz", assim como eles são, até porque sempre gostei dos "bonzinhos" (detesto esse termo). Tom é um rapaz que "não merece" sofrer. Entretanto, ninguém tem obrigação de amar, mas sim de ser leal e sincero. E a Summer foi. Em momento algum consegui ver culpa na Summer, como alguns disseram ver.
Costumam criar uma imagem de mim de total desapego, uma devoradora de homens sem coração. Acham que não me envolvo e, se me vêem abraçada a um cara, com os olhos brilhando, ficam chocados, pois acham incoerente o fato de eu tratar bem, sentir saudade, segurar a mão de repente ou ligar no meio da noite. E, então, ao me verem criar vínculos, pensam "agora vai ser diferente", "ela está mudando", ou "ela só estava escondendo as fragilidades", como ouvi de um companheiro essa semana.
As pessoas esperam extremismos. Ou é sexo casual, frio e sem vínculo ou é amor eterno ao melhor estilo conto-de-fadas, com direito a planos de casamento (ainda que não monogâmico), filhos e um labrador. Acham que não querer monogamia, não idealizar com base no amor romântico ou, ainda, tratar as relações com leveza, sem ciúme ou posse é não querer seriedade. Pois digo, meus relacionamentos são sérios sim, seja lá o que isso signifique.
Esse post não é sobre um caso específico, tendo em vista que cada relação pela qual passei tem suas diferenças, mas, em geral, a síndrome 500 Days of Summer costuma estar presente. Esse post é sobre como me faz mal sistematicamente passar por vilã e acabar sendo odiada pelo Tom pelas expectativas criadas na cabeça dele.
Tento de todas as formas ser leal, não falar o que não sinto, não criar ilusões, porém já fui mais de uma vez acusada de "canalha", como se manipulasse as pessoas e as usasse. Me parece que elas criam suas concepções baseadas em outras relações e depois acham que fui eu quem fez as promessas.
O diálogo acima, em que o Tom pede à Summer alguma segurança e ela responde que não pode garantir isso, que ninguém pode, já aconteceu mais de uma vez nas minhas relações e costuma se repetir.
Não posso garantir sentimento futuro. Nem monogâmicos que acreditam em almas gêmeas e sei-lá-o-quê-mais podem. A verdade é que posso sim mudar de idéia amanhã e quem não está disposto a correr riscos não deve entrar em uma relação. Sempre valorizei demais a liberdade e me soa absurdo cobrar amor. É aprisionar. Me vejo extremamente pressionada quando sinto depositarem o peso da felicidade em meus ombros, pois não posso garanti-la. Me faz querer sair correndo antes de causar outra dor. E aí serei sempre condenada a ter relações superficiais, tendo que abandonar a relação na melhor parte, por medo de machucar o "Tom"?
Vejo tanto sofrimento quando uma relação acaba que faz parecer que ela não valeu a pena. Será mesmo melhor simplesmente nunca ter do que ter por um tempo e depois perder? Todo o crescimento obtido é em vão?
Não condeno quem sofre, come uma panela de brigadeiros em frente à TV chorando e lamentando, toma porre p'ra esquecer, pois faz parte do (des)amor. Porém é cruel condenar a minha atitude, a minha mudança, como se eu estivesse agindo de má-fé.
Os amantes d'O Pequeno Príncipe que me perdoem (e me incluo entre eles), mas discordo da raposa. Não sou responsável pelo que cativo. Sou responsável pelas promessas que faço, não pelos compromissos que as ilusões alheias criam.
Se falo de amor hoje, é sincero. Sempre sou (ou tento ser) verdadeira. Quando declaro afeto, trato daquele momento. Não faço promessas de futuro, ainda que o futuro seja amanhã.