É bem verdade que já tive vivências bem mais intensas, profundas e palpáveis, mas é a nossa história a responsável por formar um nó em minha garganta. Deve ser porque consigo olhar para as outras e identificar, tranqüila, onde começaram e onde terminaram. Nossa linha de tempo não se permite identificar.
(...)
Mas quando, há exatamente um ano, você ressurgiu com promessas de amor e tango, senti o que chamo de saudade ao contrário: longe, eu não precisava de você, da sua barba ou do seu abraço. Porém, quando nossos olhos se reencontraram, o peito apertou e eu só conseguia me perguntar “como passei tanto tempo sem a sua presença?”.
E naquele diálogo desconexo, um pouco pelas doses de cachaça, reconheço, mas muito mais pelo desejo arrebatador de retomar nosso quase amor e de expressar todos os sentimentos confusos que despertaram quando nos tocamos, algo me sugeriu que o tempo não conserta as coisas, mas sim as modifica.
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